segunda-feira, 10 de abril de 2017

Sempre Jovem

Certo dia, um professor tirou o palito para ser sempre jovem. Decidiu parar ter medo e ter consciência do mundo apesar da passagem do tic tac frenético do relógio marcando: minutos, horas, dias,  meses, anos...
Diante de uma piscina aos cinquenta e três anos, ele não acreditava que devia fazer testes: medir a temperatura da água com um dedo, calcular a profundidade da piscina entrando aos poucos e segurando notavelmente a escada da piscina, pensar se ia passar mal ou outras coisas de gente mais velha, muito velha, idosa, melhor pior idade... Sem pestanejar mergulhava rápido sem medir as consequências e afundando nas águas de uma só vez como fazia aos quinze anos.
Sua consciência não o tornava mais covarde, ao contrário de seus velhos amigos, ele viajava sem reservas de hotel e sem “just in case” de remédios, carrega uma pequena mochila: sem guarda-chuva, sem óculos extras, sem casaco, sem lenço, sem papel higiênico de emergência...
O professor sempre jovem não acreditava que a chuva era para ele, que a garoa naquele momento cairia somente nele, ele se escondia como criança pela rua, afinal de contas carregar guarda-chuva é coisa de gente velhíssima e “a consciência nos torna covarde”.
A ignorância é uma benção, pois ter consciência é assumir que a vida tem riscos, ou seja, quanto mais se sabe do mundo menos se faz, menos se comemora...
No dia 31 de dezembro, o professor sempre jovem gritava feliz ano novo e vibrava com a expectativa de novos tempos, a festa não será menor porque lá vem um ano velho, um ano próximo da morte, um ano com menos amigos pela distancia ou pelo simples ato de não acordar...
Ser jovem é viver bem e ser velho é esmorecer...



Jorge Barboza

Escritor e Colunista Social

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