Certo dia, um professor tirou
o palito para ser sempre jovem. Decidiu parar ter medo e ter consciência do
mundo apesar da passagem do tic tac frenético do relógio marcando: minutos,
horas, dias, meses, anos...
Diante de uma piscina aos cinquenta
e três anos, ele não acreditava que devia fazer testes: medir a temperatura da
água com um dedo, calcular a profundidade da piscina entrando aos poucos e
segurando notavelmente a escada da piscina, pensar se ia passar mal ou outras
coisas de gente mais velha, muito velha, idosa, melhor pior idade... Sem
pestanejar mergulhava rápido sem medir as consequências e afundando nas águas
de uma só vez como fazia aos quinze anos.
Sua consciência não o
tornava mais covarde, ao contrário de seus velhos amigos, ele viajava sem
reservas de hotel e sem “just in case” de remédios, carrega uma pequena mochila:
sem guarda-chuva, sem óculos extras, sem casaco, sem lenço, sem papel higiênico
de emergência...
O professor sempre jovem não
acreditava que a chuva era para ele, que a garoa naquele momento cairia somente
nele, ele se escondia como criança pela rua, afinal de contas carregar
guarda-chuva é coisa de gente velhíssima e “a consciência nos torna covarde”.
A ignorância é uma benção,
pois ter consciência é assumir que a vida tem riscos, ou seja, quanto mais se
sabe do mundo menos se faz, menos se comemora...
No dia 31 de dezembro, o
professor sempre jovem gritava feliz ano novo e vibrava com a expectativa de
novos tempos, a festa não será menor porque lá vem um ano velho, um ano próximo
da morte, um ano com menos amigos pela distancia ou pelo simples ato de não
acordar...
Ser jovem é viver bem e ser
velho é esmorecer...
Jorge
Barboza
Escritor
e Colunista Social
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