sexta-feira, 20 de abril de 2018

Inimigas


Não posso deixar de registrar aqui que sou grato as minhas Inimigas, pois elas não têm dedos para me falar maldades nem falsas verdades, sem elas não há história, ou seja, conflito que renda uma boa história:



"Já tive Inimigas de todas as cores

De várias idades de pouco ódio
Com umas até certo tempo briguei
Pra outras apenas um pouco me dei

Já tive Inimigas do tipo atrevida

Do tipo acanhada, do tipo vivida
Casada carente, solteirona infeliz
Já tive Inimigas donzelas e até meretrizes

Inimigas burras e desequilibradas

Inimigas confusas, de guerra e de fofoca
Mas nenhuma delas me fez tão fugaz como você me faz

Procurei em todas as Inimigas a vingança

Mas eu não encontrei e fiquei mais forte
Foi começando mal, mas tudo teve um fim
Você é o eclipse da minha vida a minha falta de boa vontade
Você não é verdade você é mentira
É tudo que ninguém quis pra mim"...


Jorge Barboza
Colunista Social. Escritor. Revisor

quinta-feira, 19 de abril de 2018

19 de Abril - Dia do Índio

"Procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você" (Art. 3° do Código de Ética do Índio Norte-americano).

segunda-feira, 2 de abril de 2018

A princesa Autista



            Muitos anos atrás quando ainda não se falava em reciclar e em ecologia, havia um reino pacato que sua constituição prezava com descontos de impostos a reutilizar os materiais variados. Para dar exemplo, sua rainha fez atrás do seu trono uma linda nave de garrafas coloridas de vidro e assim começa nossa saga...
            Ao colocar a última garrafa verde em sua nave, a rainha sentiu surgir um aroma doce, suave, bom, agradável, delicado como um vinho maduro, gostoso, saboroso de uvas recém colhidas, juntas lentamente, quase amassadas no início da confecção do mais famoso vinho de sua principal adega...
            Meses a fio esperava por este espetáculo vitral que coincidiu com o parto de sua filha, a princesa autista, linda como só ela...
            Aos cinco anos de idade, a princesinha ouvia um miado, uma campainha, um latido ou qualquer som absolutamente distante ficava parada, pensando, lendo, digerindo, devorando, degustando os sons juntos ou separados até bater palmas e colocar todos os sons nas suas ideias e, consequentemente, no lugar na sua mente...
            Aos sete anos, ela ficava por horas sem piscar, sem pestanejar, sem reclamar, sem fazer ruídos, sem espasmos, compenetrada nos rodomoinhos e espirais dos modernos arranjos do castelo quase velho...
            Com quinze, a princesa não quis baile nem festa, nem recital, queria pintar tudo: portas, maçanetas, janelas, salas, quartos, banheiros, cozinhas, jardins, tudo que via por perto do castelo.
            Com certeza não havia tempo ruim, pois todo dia era um dia bom para Princesa Autista guardar, colher, mostrar, recolher, reconhecer, desenhar, costurar, rasgar, viver, morrer, para se reinventar sem algazarras, sem guerras, só pelo simples prazer de fazer o bem sem importar com quem e como...

Jorge Barboza
Escritor. Colunista Social.