quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Meu novo livro!

Antes disso havia um “Tempo da Graça”, de 15 a 30 dias na prisão, onde se prometia para todos os transgressores nada de açoitamentos, cortes, torturas, pedradas e similares formas de retaliação para definitiva confissão de pecados a Santa Igreja.
Antes da Inquisição Espanhola que marca o fim do Mercantilismo, era antiga, e surgimento de um novo sistema econômico: o Capitalismo. Duras penas levam as mulheres ao fogo: ao inferno na terra. Quem acredita em julgamento final não quer ter seus segredos escancarados ao Santo Ofício, a condenação é certa.
O sistema de indulgencias está arruinado para sempre e os paranormais começam agir nas estradas antecipando o bem e o mal que povoam terras e igrejas distantes, começam assim as articulações divinas, os homens mais uma vez são marionetes...

A fuga do reino espanhol não é mais suficiente, é necessária para cruzar o oceano com vida, sem escravidão, e chegar ao Novo Mundo: o Paraíso Perdido...

sábado, 20 de janeiro de 2018

Nu


           Infelizmente o nu chegou aos redores de nossos museus.
Você deve estar se perguntando: Não existem estatuas e pinturas de nu artísticos dentro dos maiores e menores acervos nacionais e internacionais de Belas Artes pelo Mundo?
Sim, há. Mas o que vou relatar não se trata de uma imagem parada ou estática em gesso, madeira, cerejeira, garapeira, pinho, cedrinho, cerâmica, argila, terracota, reboco, taipa de pilão, pau-a-pique, terra crua, metal, bronze, ouro, prata, chumbo, aço, cimento, granito, mármore, pedra sabão...
Estava tirando fotos da Catedral da Sé, em minha última excursão ao Caixa Cultural, de uma de suas magistrais janelas do sexto andar, quando vi em um dos quartos do hotel amarelo em frente ao espaço cultural, um casal nu!
Não era amor, nem sexo, era um casal nu pousando para fotos na cama, na poltrona, no chão, no parapeito da janela do hotel...
Eles não tinham noção dos olhares de fora, exatamente, do Caixa Cultural... Houve um burburinho entre outros visitantes da exposição, seguranças correndo fechando as cortinas, que davam margens ao espetáculo nu, um monte de explicações desconexas, rostos corados, muitas hipóteses, risadinhas, muito falatório, gargalhadas, muitas dúvidas, por fim, minha visita acabou antes do que eu esperava, não estava mais interessado na mostra.
As sombras tomaram o andar como se nu fosse o inimigo, proibido, perigoso, as obras do Museu da Caixa estava envergonhado, constrangido, tímido, preocupado, eu estava com as obras, mas de outro lado sereno, tranquilo, a vontade com roupa, do que vi e entendi, blá blá blá, eu cansei das cortinas fechadas, das pessoas falando, será que as pessoas não entendiam mais nada e o nu assumiu tudo?
Passei as mãos na cabeça, desci o elevador, balbuciei algo a assessorista do elevador, pedi minhas coisas a recepcionista na chapelaria, carimbos nos folders, corri para fora, para o metrô, para longe, finalmente acabei com as tormentas, os rumores e o nu tomou a proporção que devia ter, um momento de intimidade longe de tantos olhares e tantas bocas, um filme que se escolhe assistir, uma revista que se deseja rever, um local gostoso como o desejo...


Jorge Barboza
Escritor e Colunista Social


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Quebrante ou Quebranto


Rezar três vezes:
Com dois puseram
Com três eu tiro.
Com o nome do Pai,
Do Filho e do Espírito Santo,
Sai quebranto! (ORTENCIO, 1997, p. 229).

Segundo meu sobrinho e afilhado, quebrante é um malogro que se faz as meninas enquanto o quebranto é um mau-olhado feito aos meninos.
Quebranto é um estado de torpor, cansaço, languidez, quebrantamento; segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, suposta influência maléfica de feitiço, por encantamento à distância. Efeito malévolo, segundo a crendice popular, que a atitude, ou seja, o olhar de algumas pessoas produz em outras, principalmente, em recém-nascidos, bebês de colo ou crianças de modo geral...
Se todos são capazes de produzir essas energias negativas ou positivas, todos também podem ser protagonistas da expansão ou expulsão destes tipos de energias...
Desfalecimento, prostração, quebramento de corpo eram registros deste fenômeno nos antigos dicionários portugueses.
Na Grécia existe, inclusive, o famoso olho grego, um talismã contra a inveja e o mau-olhado, que funciona também como um símbolo da sorte e é um poderoso instrumento contra energias negativas. Atualmente é feito de vidro, na cor azul, sendo usado como pingentes em pulseira, colares e chaveiros.
Universalmente, o mau-olhado é conhecido como mal de ojo, na Espanha; mal-occhio, para os italianos; evil eye para os ingleses e mati, para os gregos. No Brasil, considera-se quebranto quando afeta o ser humano e mau-olhado quando afeta plantas e animais...
São diversos os sintomas de quem é vítima do quebranto: olhos lacrimejantes, moleza por todo o corpo, tristeza, bocejar constante, espirros repetidos, inapetência. No caso dos animais, ficam tristes, parados e encorujados. As plantas vítimas de mau-olhado murcham sem motivo e rapidamente, às vezes da noite para o dia ou vice-versa, dependendo de quando foram atingidas pelas irradiações maléficas.
Seja quebranto, quebrante ou mau-olhado, segundo a crença popular, nem sempre ele vem de alguém invejoso. Aliás, o quebranto mais difícil de cortar provém de não invejosos. É preciso benzer com um galhinho de arruda, por três, sete ou até nove dias seguidos, acredite se quiser...

Jorge Barboza
Escritor e Colunista Social





Referências


ARAÚJO, Alceu Maynard. Quebranto. In: ______. Medicina rústica. 3. ed. São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1979.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. rev. e atual.  São Paulo: Global, 2002. 

GASPAR, Lúcia. Quebranto e mau-olhado. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 31 dez. 2017.

OLHO Gordo, Mau Olhado e Quebranto, o que é e quais são os sintomas. Disponível em: <http://bomfeiticeiro.com/simpatias-feiticos-medalhas-cruzes-talismas-amuletos-de-protecao-magia-contra-feiticos/olho-gordo-mau-olhado-inveja-quebranto/>. Acesso em: 17 abr. 2013.

ORTENCIO, Bariani. Medicina popular do Centro-Oeste. 2. ed.  rev. e atual. Brasília, DF: Thesaurus, 1997.  

REZAS, benzeduras, simpatias: soluções para todos os seus males. São Paulo: Editora Três [19--?].