Infelizmente
o nu chegou aos redores de nossos museus.
Você deve estar se
perguntando: Não existem estatuas e pinturas de nu artísticos dentro dos
maiores e menores acervos nacionais e internacionais de Belas Artes pelo Mundo?
Sim, há. Mas o que vou
relatar não se trata de uma imagem parada ou estática em gesso, madeira,
cerejeira, garapeira, pinho, cedrinho, cerâmica, argila, terracota, reboco,
taipa de pilão, pau-a-pique, terra crua, metal, bronze, ouro, prata, chumbo,
aço, cimento, granito, mármore, pedra sabão...
Estava tirando fotos da
Catedral da Sé, em minha última excursão ao Caixa Cultural, de uma de suas
magistrais janelas do sexto andar, quando vi em um dos quartos do hotel amarelo
em frente ao espaço cultural, um casal nu!
Não era amor, nem sexo, era
um casal nu pousando para fotos na cama, na poltrona, no chão, no parapeito da
janela do hotel...
Eles não tinham noção dos
olhares de fora, exatamente, do Caixa Cultural... Houve um burburinho entre
outros visitantes da exposição, seguranças correndo fechando as cortinas, que
davam margens ao espetáculo nu, um monte de explicações desconexas, rostos
corados, muitas hipóteses, risadinhas, muito falatório, gargalhadas, muitas
dúvidas, por fim, minha visita acabou antes do que eu esperava, não estava mais
interessado na mostra.
As sombras tomaram o andar
como se nu fosse o inimigo, proibido, perigoso, as obras do Museu da Caixa estava
envergonhado, constrangido, tímido, preocupado, eu estava com as obras, mas de
outro lado sereno, tranquilo, a vontade com roupa, do que vi e entendi, blá blá
blá, eu cansei das cortinas fechadas, das pessoas falando, será que as pessoas
não entendiam mais nada e o nu assumiu tudo?
Passei as mãos na cabeça,
desci o elevador, balbuciei algo a assessorista do elevador, pedi minhas coisas
a recepcionista na chapelaria, carimbos nos folders, corri para fora, para o
metrô, para longe, finalmente acabei com as tormentas, os rumores e o nu tomou
a proporção que devia ter, um momento de intimidade longe de tantos olhares e
tantas bocas, um filme que se escolhe assistir, uma revista que se deseja
rever, um local gostoso como o desejo...
Jorge
Barboza
Escritor
e Colunista Social
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