domingo, 10 de março de 2019

Amor

Quando era criança, ela aprendeu que o amor era um tempero na porta da geladeira indispensável para dar sabor as comidinhas do dia-a-dia, se colocado com exagero doía o estomago, e com sua falta deixava tudo insonso e sem graça...
Acho que foi por isso que ainda adolescente, a menina criou o habito de recortar receitas de revistas de fofocas e cola-las em um grande caderno de capa dura com esmero cuidado, índice analítico e blá blá de escritora renomada... 
Mesmo assim, ela tinha dúvida de onde comprar o amor-amor, nos supermercados entre condimentos como pimenta do reino, canela em pau, cardamomo, cúrcuma, paprica doce, sal marinho, salsinha desidratada, sementes de mostarda... ou  na farmácia entre aspirinas, antialérgicos e vitaminas de uso continuo ou alternado.
O amor podia estar em nova embalagem? Ter novas versões como spray, gel ou líquido?
Quando se viu mulher para casar, não mais namoradeira, foi neste instante, entre pensar-pensar, que encontrou um rapaz, por quem passou a cozinhar mais, viver mais, sentir calafrios, borboletas no estomago, suspirar mais, sonhar mais e tudo mais que só o amor faz pelos enamorados, por fim, entendeu que o amor estava no fazer bem, fazer gostoso tudo... Entendeu que o amor estava no ar e não na geladeira, na pratilheira do mercado ou no estoque da farmácia, ele crescia com proximidade dos dois e ninguém, além deles podia fazer o amor adocicar de mais ou amargar por menos...

Jorge Barboza

Escritor e Colunista Social



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