Pela primeira vez em sua
tenra vida, Vossa Principesa não lamentou, não reclamou, não negociou e,
somente, chorou, chorou, chorou...
Seu pai havia o alertado que
não cumprir as regras dos mais simples e mais modestos jogos poderia causar um
dia, demasiadamente, perdas irreversíveis...
Seu ultimo desafio foi feito
com outros príncipes que não eram chorões. O jogo tratava-se de plantar uma
estranha semente em um vaso de terra e, depois, de trinta dias da semeadura
estranha, levar o vaso para os príncipes e o Grande Rei que prometeu dar sua
filha, a mais bela de todas as princesas do mundo, pelo cumprimento do desafio.
Não podemos dizer que o
Príncipe Chorão não foi criativo. Ele escolheu em seu reino uma planta exótica,
nativa, nada comercial, nada popular nem comum e plantou no lugar da estranha
semente.
Muitos como ele retornaram
ao Grande Rei com plantas exóticas, flores cheirosas, plantas carnívoras,
vegetais cantores, pequenas árvores, grandes raízes... Enfim, não entenderam
que a semente era um pequeno casulo de argila e dentro dele estava uma joia: um
diamante que não dava um botão de rosa, mas revelava os valores estimados pelo
Grande Rei, a prudência, a humildade e a honestidade de seu cuidador...
Acho que não ficou bom,
vamos começar este conto de fadas novamente...
Era uma vez um Príncipe
Chorão que de tão mimado tornou-se por demais egoísta e vaidoso, por tudo e por
nada chorava, chorava, chorava. Assim convencia os pais, os súditos, os
vassalos, os soldados, enfim, a todos e a ninguém...
Em um determinado dia não
cumpriu o maior desafio de sua vida: plantar uma estranha semente.
Só soube disso porque
encontrou outros adversários que usaram da mesma artimanha: plantar qualquer
coisa no lugar da estranha semente no vaso e levar para o Grande Rei.
Nesse dia parou de reclamar,
lamentar e negociar com tudo e com todos, pois o Grande Rei não gritou, não
esbravejou , não exultou, não xingou, mas revelou a verdade quebrando a semente
estranha. A semente era de barro, argila pra ser mais exato, dentro dela havia
um brilhante joia, um joia que representa o que ele mais deseja pra continuar
sua linhagem e seu Grande Reino: Persistência, Resistência e Integridade.
Depois disso o Príncipe
Chorão voltou para seu reino em um canto estéril, onde havia jogado a estranha
semente e por desgosto criou raízes profundas, casca dura e galhos imensos que
subiam e caiam, uma árvore chamada Chorão Salgueiro, ou seria, Salgueiro
Chorão?
Jorge
Barboza
Colunista
Social. Escritor. Revisor
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