sábado, 10 de dezembro de 2016

Nana

Não sei por que parei de escrever cartas, na verdade, os e-mails são cartas... Não, na verdade, os meus e-mails são grandes bilhetes. Tenho dificuldade em escrever longos bilhetes pelo Whatsapp e não gosto de gravar mensagens de voz também pelo aplicativo...
Depois de muitas cartas, alguns anos fora de São Paulo, minha grande amiga Nana voltou pra perto.
O Sul do país tinha seus ares frescos, seus rigores, receitas novas, aromas novos, gostos extraordinários, o tempo e o vento, mas não aplacava as saudades...
Sempre que penso no sul brasileiro lembro-me de Erico Verissimo, Anita Garibaldi e Giuseppe Garibaldi. Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilhas? Nana lia muito jornal, revistas e livros por lá. Nana lia as fotos, as molduras, as pinturas, as árvores, as violetas na janela, os temperos: pimenta rosa, pimenta de cheiro, pimenta malagueta, cúrcuma, tabasco, noz moscada, gengibre, mostarda, sal marinho, sal do Himalaia, manjericão, hortelã, cominho, alecrim, páprica doce...
As meninas sempre se alternavam com Nana na cozinha, alternavam pois eram pequenas e cuidados domésticos eram da mamãe Nana, pois não há em sua vida meninos perdidos, nem Sininho (agora Tinker Bell), nem Wendy, nem João, nem Michael, nem Smee, nem James, nem Peter...
Nana sempre teve gosto pela cozinha, entre os apuros pela casa. O tempo, depois de duas gravidezes, tiraram seus cachos substituindo-os por ondas leves, seu corpo escultural juvenil tornou-se charmoso e forte, uma mulher desenvolveu-se para reinar e guerrear, quando necessário por suas ideias... Nunca vi as tantas sardas dela, Nana não tinha tempo para ferrugem de qualquer natureza...
Para corrigir meus textos tomamos juntos chimarrão passando a cuia, assistimos ainda bons filmes e, às vezes, experimentamos novas receitas e velhas conversas, clássicos da literatura...


Jorge Barboza

Colunista Social. Escritor. Revisor.

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