sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Vânia

Entre vinis de rock, pôsteres e livros conheci certa vez uma escritora.
Quando saiu da sala de aula, aulas de física, de Química, de Matemática, sua lógica perguntou ao canto esquerdo do peito: é agora?
A poesia estava na biblioteca, a prosa também, enciclopédias, dicionários, contos de fadas, romances...
Alguns disseram: “Li Vânia e ela está desesperada”.
Outros escreveram: “Agora seu pássaro roxo na cabeça vai voar, voar, longe voar”.
De certo modo, Vânia teve um nó na garganta, aquela secura na boca, um montão de sensações de medo e de ansiedade... Começar de novo era um desafio já esquecido.
Talvez se ela tivesse sido lançada no espaço, em um deserto, inventaria mil maneiras de passar o tempo...
Organizou-se em muitos braços como uma mãe que deve cuidar de dez filhos, revirou as prateleiras, colocou ordem nas biografias, arrumou as mesas e as cadeiras, pintou a porta, redesenhou sua história e criou uma sala aconchegante de leitura.
O medo sumiu e a ansiedade casou com a percepção ou com a expectativa.
A biblioteca ganhou nova zeladora, uma autora que ouvia o melhor do rock, uma guardiã com duas mechas roxas de cabelos curtos e ideias claras, criativas e inovadoras.
Às vezes se entende um som meio rock roll, mas não se entende seus fãs...
O fã não precisa ser um exímio estudioso nem formado. Fã é fã e ponto. A autora só voltava depois das dezoito horas. E não era na galeria do rock...

Jorge Barboza

Colunista Social. Escritor. Revisor.

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